Escrevo essas notas em um pequeno momento de lucidez.
Decepcionei minha família. Sobretudo decepcionei minha mãe!
Minha mãe trabalhava 12 horas por dia. Dedicava-se ao máximo, para que nós pudéssemos ter a melhor educação possível. Para pagar comida, material escolar, ônibus! Sempre reconheci isso! Que teria sido da vida sem ela?
Meus irmãos foram em seu encaminhando em seu exemplo. No exemplo de seu trabalho e esforço. Não que eles realmente estivessem mudando de vida, mas pelo menos estavam ganhando suas próprias vidas dignas.
Eu gostava de ler. Ela motivava. Era pouco para resistir à vida. Vida que vinha bater a minha porta e dizer que eu deveria trabalhar, largar tudo, ou que deveria me comprometer com as coisas erradas.
As coisas erradas...
As coisas erradas me perseguiam. Agora mesmo elas estão atrás de mim. Elas me perseguem!
Não sei exatamente quando elas começaram a me perseguir. Só sei que eu sentia. De repente comecei a perceber que elas estavam atrás de mim... olho para trás e... nada!!! Não tinha nada! Eu só sentia que andava atrás de mim, mas não via nada. Agora mesmo, mesmo nesse breve momento lúcido, não sei direito o que veio antes. Sei que não consegui mais me livrar dessa sensação... deles estarem me perseguindo.
Eles estavam o tempo todo ouvindo o que eu dizia, vendo o que eu via. Mas eu olhava para trás e não tinha nada!
Que porra é essa?
Eu tinha certeza que tinha alguém ali atrás, mas eu olhava... e nada.
Assim eu segui. Não sei exatamente. Mas sei que algumas coisas erradas chegaram muito perto de mim e eu não aguentava a pressão! Ou a pressão veio depois? Sei que cedi! Cedi às coisas erradas. Só que por alguns instantes... alguns minutos que fosse... eu parava de olhar para trás. Parava de sentir que tinha alguém prestes a me pegar.
Malditos!!!
Parem com isso!
Não, eles não estão aqui agora.
Parece... mas não...
Sinto-os...
Foda-se!
Não sei exatamente, mas foi algo mais ou menos assim, quando comecei a escutar: eles estavam atrás de mim. No começo apenas sentia, mas depois também ouvia. Sei que agora eles estão me ouvindo e depois me punirão.
Sim eles vão me punir...
A menos que...
...
Então eu comecei a escutá-los também!
Não dá para não escutá-los! Mas não devo! Eles dizem coisas erradas... Eles dizem para eu matar, dizem pra eu me matar! Dói minha mão, dói... ca-da-jun-ta-da-mi-nha-mão. Penso na minha mão apertando um pescoço, apertando um gatilho, atravessando alguém com uma faca. Atravessando a mim mesmo com uma faca! Eles também dizem para eu me dilacerar, para eu me mutilar!
Decepcionei minha família. Sobretudo decepcionei minha mãe!
Minha mãe trabalhava 12 horas por dia. Dedicava-se ao máximo, para que nós pudéssemos ter a melhor educação possível. Para pagar comida, material escolar, ônibus! Sempre reconheci isso! Que teria sido da vida sem ela?
Meus irmãos foram em seu encaminhando em seu exemplo. No exemplo de seu trabalho e esforço. Não que eles realmente estivessem mudando de vida, mas pelo menos estavam ganhando suas próprias vidas dignas.
Eu gostava de ler. Ela motivava. Era pouco para resistir à vida. Vida que vinha bater a minha porta e dizer que eu deveria trabalhar, largar tudo, ou que deveria me comprometer com as coisas erradas.
As coisas erradas...
As coisas erradas me perseguiam. Agora mesmo elas estão atrás de mim. Elas me perseguem!
Não sei exatamente quando elas começaram a me perseguir. Só sei que eu sentia. De repente comecei a perceber que elas estavam atrás de mim... olho para trás e... nada!!! Não tinha nada! Eu só sentia que andava atrás de mim, mas não via nada. Agora mesmo, mesmo nesse breve momento lúcido, não sei direito o que veio antes. Sei que não consegui mais me livrar dessa sensação... deles estarem me perseguindo.
Eles estavam o tempo todo ouvindo o que eu dizia, vendo o que eu via. Mas eu olhava para trás e não tinha nada!
Que porra é essa?
Eu tinha certeza que tinha alguém ali atrás, mas eu olhava... e nada.
Assim eu segui. Não sei exatamente. Mas sei que algumas coisas erradas chegaram muito perto de mim e eu não aguentava a pressão! Ou a pressão veio depois? Sei que cedi! Cedi às coisas erradas. Só que por alguns instantes... alguns minutos que fosse... eu parava de olhar para trás. Parava de sentir que tinha alguém prestes a me pegar.
Malditos!!!
Parem com isso!
Não, eles não estão aqui agora.
Parece... mas não...
Sinto-os...
Foda-se!
Não sei exatamente, mas foi algo mais ou menos assim, quando comecei a escutar: eles estavam atrás de mim. No começo apenas sentia, mas depois também ouvia. Sei que agora eles estão me ouvindo e depois me punirão.
Sim eles vão me punir...
A menos que...
...
Então eu comecei a escutá-los também!
Não dá para não escutá-los! Mas não devo! Eles dizem coisas erradas... Eles dizem para eu matar, dizem pra eu me matar! Dói minha mão, dói... ca-da-jun-ta-da-mi-nha-mão. Penso na minha mão apertando um pescoço, apertando um gatilho, atravessando alguém com uma faca. Atravessando a mim mesmo com uma faca! Eles também dizem para eu me dilacerar, para eu me mutilar!
As vezes só quero acabar com tudo isso logo de uma vez... Parar um pouco de sofrer...
Minha mãe não merece isso! To com um demônio em mim! O pastor disse que quem tem vontade dessas coisas é obra do inominável!
Maldito!
Sai do meu corpo!
Porque você tá aí o tempo todo falando comigo?
Maldito!
Não consigo não escutá-lo...
A menos que...
...
Entende que com tudo que eu fiz eu a decepconei e não poderia deixa-la sofrer tanto!? Não a deixando saber o tanto de coisa que eu fiz, o que eu me tornei. Fugi. Acovardei-me. Mas também não tinha outro jeito de sobreviver a tudo isso e ela a mim...
Minha mãe não merece isso! To com um demônio em mim! O pastor disse que quem tem vontade dessas coisas é obra do inominável!
Maldito!
Sai do meu corpo!
Porque você tá aí o tempo todo falando comigo?
Maldito!
Não consigo não escutá-lo...
A menos que...
...
Entende que com tudo que eu fiz eu a decepconei e não poderia deixa-la sofrer tanto!? Não a deixando saber o tanto de coisa que eu fiz, o que eu me tornei. Fugi. Acovardei-me. Mas também não tinha outro jeito de sobreviver a tudo isso e ela a mim...
Ela não poderia resistir ao que estou me tornando! Quero arrancar essas escamas de maldade que invadem minha pele, essa fumaça impura que me corrói por dentro... Alguém arranca meu nariz? Alguém costura minha boca?
Não quero mais...
Não quero mais aquela fumaça. Não quero mais essa vida. Não quero mais essa perseguição! Preciso acabar com isso! Eles estão atrás de mim o tempo todo! Não posso matá-los...
A menos que...
Eles estão em mim...
E eu os odeio!
Eu sou uma vergonha...
Odeio cada parte de meu corpo por onde eles falam...
Eu sou uma vergonha...
É isso! Vou acabar com cada um deles...
Não tenho coragem... não sozinho...
Covarde além de tudo!
Covarde...
Pois que o ódio venha! Mais agudo e implacável! Porque odiando terei força! E que venha o mal que me persegue, quero todos eles junto de mim, o mais que podem, porque quando nós cairmos daquele viaduto eles irão comigo!
Uma garrafa, duas, três...
1 pedra, 5, 30 pedras...
Até que eu tenha coragem...
Já vejo aquela ponte em vertigem.