Uma fábula, iniciada no susto, para uma criança curiosa...
(falta uma revisão desse texto)
Era uma vez, há muito, muito tempo atrás, uma terra distante chamada Egito. Nesse lugar só existia deserto, para onde quer que você olhasse apenas via montanhas de areia. Lá, as pessoas eram nômades, viviam em tendas e mudavam de lugar o tempo todo.
Certa vez, em uma de suas mudanças, eles encontraram um enorme e lindo rio. Conforme se aproximavam dele percebiam que a areia virava terra, cresciam coqueiros e outras frutas, viviam muitos passarinhos, lagartos e outros animais.
Ali seria um lugar excelente para começar a plantar comida e criar animais e, quem sabe, parar de mudar de um lugar ao outro do deserto.
O problema é que naquele largo e profundo rio vivia um grupo de poderosos crocodilos, grandes e famintos. Ficar perto do rio por algum tempo era a receita segura para virar o jantar de um deles. Tentar afugentar, lutar, distrair, construir proteções contra eles, mas nada teve sucesso... tiveram que partir, com dor no coração.
A partir de então, a cada ano, voltavam ao rio na esperança de que o grupo de crocodilos já não estivesse mais por lá. E sempre voltavam ao deserto frustrados, mas, daquela vez, o conselho da tribo decidiu, esse seria a última tentativa de ficar naquele lugar maravilhoso.
Justamente nesse ano o menino chamado Nilo estava completando 6 anos! Estava muito feliz, já se sentia uma criança grande, queria sair para passear e caminhar sozinho, ao que sua mãe o avisava:
- Cuidado menino, o deserto está cheio de perigos, serpentes venenosas, escorpiões, tempestades de areia.
No dia do seu aniversário ele resolveu sair escondido para passear. Um pássaro escuro, um corvo, pousou perto dele e disse:
- Cuidado menino!
E ele achou que estava escutando coisas. Um passarinho não podia falar. Andou e andou. Estava distraído sobre uma duna quando escorregou e caiu rolando duna abaixo... quando abriu os olhos uma serpente o olhava nos olhos. Estava prestes a ataca-lo! Nesse momento uma águia pousou ao lado dos dois:
- Calma amiga! Ele não quer seus ovos! Deixe-o ir!
- Ssssss dessa vez... mas chegue perto daqui novamente e como seus olhos! - respondeu ameaçadoramente a serpente.
O menino estava surpreso demais para reagir. Ele estava falando com uma águia e uma serpente!
- Vamos menino, volte para a sua família.
Nilo levantou e voltou para casa. Nesse dia descobriu que podia falar com os animais!
No dia seguinte partiram para o rio.
A tribo chegou nas proximidades do rio e levantou suas tendas. Era mais seguro ir à água pela manhã. Dormiram ansiosos, esperando pela decisão do outro dia. Um grupo foi com paus e pedras verificar se os crocodilos ainda estavam por ali. Nilo foi escondido, um pouco mais trás, chegando perto subiu em uma duna para ver o que estava acontecendo.
Quando os homens foram chegando perto os animais saíram furiosos da água, com suas grandes bocas abertas e ameaçadoras. E Nilo escutava gritos roucos:
- Saíam de perto dos meus ovos! Dos meu bebês!
- Saíam daqui!
Seus parentes jogaram os paus e as pedras, mas foi inútil, aqueles répteis tinham um couro muito grosso e duro. Todos recuaram e voltaram para o acampamento decepcionados.
Nilo se encheu de coragem e desceu, escondido, até o rio.
- Seu crocodilo! Faz isso não!
Ele respondeu bravo:
- Que menino abusado! Vou te engolir em uma bocada só!
Uma águia, que estava passando por ali, ficou interessada e disse, num guincho agudo.
- Faraó, seu crocodilo mal-humorado! Vamos escutar o que o humano tem a dizer!
- É! Vamos me escutar!
- O que você quer?
- É que a vida no deserto está muito difícil pra gente! Deixa a gente viver aqui perto do rio!
- E vocês querem morar em cima dos meus ovos?
E a águia interrompe:
- E se vocês fossem morar um pouco mais pra cima do rio e os crocodilos, no próximo ano pusessem os ovos naquela curva do rio que tem lá pra baixo?
- Feito! - responde Nilo rapidamente
- Concordo, mas deixem meus ovos em paz! - respondeu o crocodilo com sua voz rouca e ranzinza.
Então Nilo voltou o mais rápido possível para casa! Todos já estavam desmontando as tendas, muito tristes. Contou para os pais e outros parentes a novidade. Mas ninguém acreditou.
- Junta suas coisas e vamos embora menino!
- Eu vou provar pra vocês! Vou lá falar com ele! - e saiu correndo, antes que qualquer um pudesse segura-lo!
Todos saíram correndo atrás dele. E quando estava chegando perto do rio começou a gritar:
- Faraó! Eles estão tristes demais para acreditar em mim! Ajuda!
- Pula nas minhas costas! Vamos mostrar pra eles!
E as pessoas entenderam apenas a palavra faraó! De todo o resto só ouviram rugidos e grunhidos.
Nilo pulou nas costas do crocodilo e os dois saíram pelo rio, subindo e baixando, brincando de mergulhar. Então Faraó parou de repente no ponto combinado! Nilo saiu voando de suas costas para a areia. Levantou e correu para abraça-lo, mas só conseguia segura-lo pela boca de tão grande que era! O velho animal do rio gostou e caiu de lado para receber o carinho onde o couro era mais fino, embaixo do pescoço.
E todos pensaram que Nilo estavam lutando contra o crocodilo e ganhando dele! E então acharam que ali os crocodilos não iriam mais incomodar. E a casa mais perto do rio seria a do Nilo. A tribo virou uma cidade, que virou um reino. A história foi contada de pai para filha, mas depois de muitos anos começaram a confundir os nomes, o rei daquele reino começou a ser conhecido por faraó e o rio recebeu o nome de Nilo!
19.1.14
6.1.14
Promessa
Faz um ano!
Um ano que ele se foi!
Prometi que seria mais forte! Que em um ano estaria preparado! Pronto para enfrentar qualquer coisa, pronto para desafiar a morte. Abrir-lhe o peito e dizer: pode vir que daqui você não passa!
Mas ao invés de enfrenta-la, tornei-me amigo da morte. Parceiro. De tempos em tempos ela faz uma visita. Ou leva alguém ou simplesmente assombra sonhos perdidos de madrugadas úmidas. Úmidas porque inevitavelmente acordo suando. Ela vem, diz um olá, afronta-me, assevera: comigo você não pode, e se vai.
Eu sei!
Eu prometi!
NÃO! Você não pode cobrar-me dessa maneira!
Saia das minhas costas! Tire suas mãos gélidas de meus ombros e suas más intenções de meus ouvidos!
NÃO! Eu não quero te ouvir!
Eu sei do buraco escuro ao qual você está me conduzindo!
Sim, é o mesmo no qual você se foi, de intestino embrulhado, de pés enredados!
SAIA!
Mas eu prometi e de uma promessa você não se livra tão facilmente! Eu sei...
Está aqui cobrando sua dívida.
Eu entendo!
Mas veja bem! As coisas não são tão fáceis assim! O ano se passou tão rapidamente...
Eu sei... é sempre atribulado, sempre confuso... Você me pega no contrapé mesmo! Não tenho o que dizer, você está absolutamente certo! São meras desculpas para aplacar minha consciência frágil e derrotada de antemão!
...
Mas o que poderia eu fazer? Fazer viver aos socos? Isso só acontece em filmes! A água turva não permitiria achar-te a tempo... sim... tão pouco a opacidade da minha coragem...
Da morte nada é possível arrancar! Ela me disse! Ela me confessou que é pura decomposição! Dela mesma nada pode sair.
É certo que também me confessou que se adianta em seu tempo... motivos não lhe faltam! Fique feliz enquanto está escapando de seu inescrupuloso olhar! Aos que se esquivam só resta entender o inevitável movimento da vida. Coisas precisam se desfazer para que outras se façam. Cada coisa dura. E cada coisa resiste. Resiste pendurada em tênues linhas de nylon, invisíveis, intangíveis, elásticas... mas se rompidas... adeus! E sempre são rompidas a fogo!
Já estou tartamudeando... essa conversa acaba comigo... acaba com meu ar. Posso senti-lo respirando a minha parte de oxigênio, tentando compensar o que faltou-lhe. Do mesmo jeito que ainda posso sentir minhas pernas paralisadas pelas dúvida e pela covardia.
Mas agora chega! Já passou o seu tempo! Vá-se daqui! Inútil dizer para não voltar... mas dê-me mais um ano para pagar essa dívida... quem sabe em um ano aplaque sua fúria agiota.
Por hora satisfaça-se com isso e dê-me algumas noites de sono tranquilo antes que nossa amiga volte a visitar-me...
Um ano que ele se foi!
Prometi que seria mais forte! Que em um ano estaria preparado! Pronto para enfrentar qualquer coisa, pronto para desafiar a morte. Abrir-lhe o peito e dizer: pode vir que daqui você não passa!
Mas ao invés de enfrenta-la, tornei-me amigo da morte. Parceiro. De tempos em tempos ela faz uma visita. Ou leva alguém ou simplesmente assombra sonhos perdidos de madrugadas úmidas. Úmidas porque inevitavelmente acordo suando. Ela vem, diz um olá, afronta-me, assevera: comigo você não pode, e se vai.
Eu sei!
Eu prometi!
NÃO! Você não pode cobrar-me dessa maneira!
Saia das minhas costas! Tire suas mãos gélidas de meus ombros e suas más intenções de meus ouvidos!
NÃO! Eu não quero te ouvir!
Eu sei do buraco escuro ao qual você está me conduzindo!
Sim, é o mesmo no qual você se foi, de intestino embrulhado, de pés enredados!
SAIA!
Mas eu prometi e de uma promessa você não se livra tão facilmente! Eu sei...
Está aqui cobrando sua dívida.
Eu entendo!
Mas veja bem! As coisas não são tão fáceis assim! O ano se passou tão rapidamente...
Eu sei... é sempre atribulado, sempre confuso... Você me pega no contrapé mesmo! Não tenho o que dizer, você está absolutamente certo! São meras desculpas para aplacar minha consciência frágil e derrotada de antemão!
...
Mas o que poderia eu fazer? Fazer viver aos socos? Isso só acontece em filmes! A água turva não permitiria achar-te a tempo... sim... tão pouco a opacidade da minha coragem...
Da morte nada é possível arrancar! Ela me disse! Ela me confessou que é pura decomposição! Dela mesma nada pode sair.
É certo que também me confessou que se adianta em seu tempo... motivos não lhe faltam! Fique feliz enquanto está escapando de seu inescrupuloso olhar! Aos que se esquivam só resta entender o inevitável movimento da vida. Coisas precisam se desfazer para que outras se façam. Cada coisa dura. E cada coisa resiste. Resiste pendurada em tênues linhas de nylon, invisíveis, intangíveis, elásticas... mas se rompidas... adeus! E sempre são rompidas a fogo!
Já estou tartamudeando... essa conversa acaba comigo... acaba com meu ar. Posso senti-lo respirando a minha parte de oxigênio, tentando compensar o que faltou-lhe. Do mesmo jeito que ainda posso sentir minhas pernas paralisadas pelas dúvida e pela covardia.
Mas agora chega! Já passou o seu tempo! Vá-se daqui! Inútil dizer para não voltar... mas dê-me mais um ano para pagar essa dívida... quem sabe em um ano aplaque sua fúria agiota.
Por hora satisfaça-se com isso e dê-me algumas noites de sono tranquilo antes que nossa amiga volte a visitar-me...
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