No barco, um churrasco.
Ao menos um dia de descanso! Além de carne, banana. A embarcação vai adentrando
na selva, que deixa um caminho cada vez mais estreito. Mas não, a margem não
estava ali do lado! Não era possível ver margem, apenas selva.
Por fim um calmo braço
de rio junto a uma comunidade ribeirinha. Um banho, uma tentativa de lavar
aquela dor. Na comunidade um menino… fraco, magro, desnutrido… a comida não
obedecia a sua boca rachada… ali talvez morresse de fome. Na cidade grande uma
simples cirurgia talvez lhe garantisse uma vida longa e bela… Nem no descanso
há descanso por aquelas terras, pelo menos não aos que lhe são estranhos e
sensíveis.
O retorno é lento,
contra o fluxo do rio… Finalmente caímos em um leito largo. A samaúma reina ao
longe. Eis que vários botos surgem acompanhando nosso lento navegar, cristas
que despontam em marolas. O sol vai se pondo, dourado, alaranjado, avermelhado,
resfriando-se no rio à nossa frente. Mas às nossas costas, seguindo o movimento
dos viajantes, uma grande lua cheia prateada emerge das águas marrons.
Não, não estávamos mais
sob a luz crepuscular, tão pouco sob a luz do luar. Não, não eram botos. Não,
não eram nossos corpos lavados pelo rio. Era outra coisa. Uma composição única.
Uma pintura feita às pressas, dedilhada nos detalhes. Sentados no teto do barco,
contemplando, sentíamos o acontecimento atravessar-nos… só o choro nos restava.
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