Hoje, de traslado para Mérida, conhecer um pouquinho de Yucatán e dos Maias.
- a gente que trabalha nesse hostel é bastante agradável, mas é curioso a quantidade de gringo. Em especial estadunidenses e alemães. Um dia um casal de estadunidenses, ele comenta que tem um café, é que está querendo muito ir ao Brasil porque é de onde vêm os melhores cafés. Comento que sim, do Brasil e da Colômbia, mas que nós não os tomamos, os melhores vão para exportação. Ele ri. Ele sabe, é para eles que vai. Não, não acho que ele consegue realizar a relação de exploração que está refletida aí. Minha indignação e meu inglês não se equalizam, fico quieto.
- estadunidense e um alemão conversam sobre o aprendizado de espanhol. O primeiro fala sobre as flexões verbais e de gênero o segundo responde meio aturdido com a complexidade (mas já o vi falando bom espanhol). O primeiro se sente reforçado e diz o quanto isso é idiota! O alemão me olha de canto de olho, constrangido, e diz que não podem reclamar.
- queria dizer que estou melhor, mas não. Talvez com as pálpebras um pouco menos inchadas. A pele da minha face esquerda já se vê ressecada e envelhecida.
- cheguei a Mérida. É necessário dizer, fuja da companhia Viva Aerobus! Certamente está entre os 5 piores vôos que já fiz! A descida foi tão forte que parece que vou ficar com o ouvido esquerdo permanente entupido. Tô quase um cavaleiro do zodíaco prestes a despertar o sétimo sentido!
- minha primeira impressão é que Mérida é uma cidade relativamente pequena e pobre. As casas são todas coloridas, muitas geminadas, mas com aspecto envelhecido, pelo menos no caminho do aeroporto até o centro. Está acontecendo algo na praça central (Zócalo), mas resolvo tomar um banho antes.
- o hostel segue esse padrão de construção. É tudo um pouco escuro, mas hj simpático... Quarto grande, camas de paletes, rede, espreguiçadeiras...
- o Zócalo está ocupado! É a feira e o baile de domingo. Dezenas de barraquinhas vendem artesanatos e comidas típicas. Famílias de turistas e de locais se misturam desfrutando a noite quente. De um lado a enorme catedral colonial, belamente iluminada. Perto do centro da praça um grupo de jovens escuta algo que parece metal e disputa a atenção com um senhor de meia idade, camisa xadrez mal apertada na barriga saliente, dois megafones pendurados, exconjurando imprecações cristãs a plenos pulmões.
Nos bancos, margeando os jardins, jovens e idosos conversam animadamente, comem, as crianças correm e brincam. Nas esquinas dos jardins há sempre um par de cadeiras de concreto brancas, altas, com apenas uma perna, como se fossem taças, o braço direito de um continua de frente com o braço esquerdo do outro banco, de modo que as pessoas sentadas ficam inevitavelmente de frente uma para outra. Cena potencialmente romântica.
Comi algo que se parece com uma pamonha, recheada com frango, bebendo orxata (parece suco de soja) depois uma espécie de biju recheado com queijo e pasta de amendoim, por fim, churros.
Sento com meu churros ao lado de um casal mexicano de uns 50 anos. Ela segura uma rosa solitária e olha, apaixonada, para ele contando alguma história, gesticulando enquanto faz carinho em suas costas.
Por fim chegamos do outro lado da praça, um largo prédio colonial de arcos (que parece cenário de algum filme do zorro), tem uma iluminação que vai mudando de cor, abaixo do arco central uma banda toca cumbia muito animadamente, para uma ou duas centenas de pessoas na rua dançando ou assistindo. Todas as faixas etárias se fazem representar, más especialmente os meus velhos e os da própria cidade.
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